Wednesday, February 22, 2006

ó, baixeza

sabe, eu tenho um semi-complexo por causa da minha altura [ou melhor, por causa da falta dela]. é semi porque eu nunca fui de encucar totalmente com isso, nunca quis apelar pra sopa de fermento, nem quis matar minha mãe e fazer churrasquinho dela por a criatura ter me parido em tamanho reduzido, mas no fundo rola uma vontadezinha de ter uns centímetros a mais, que fosse.
quando eu era criança, tinha a ilusão de que ia crescer; lia aquelas revistas 'querida', 'capricho' e jurava que um dia poderia participar daqueles concursos de modelos tipo 'garota da capa'. na minha cabeça, bastava só esperar uns poucos anos, a puberdade viria, passaria pelo famoso 'estirão' e logo logo eu teria o tamanho ideal para tais planos. eu só esqueci de raciocinar que, pra tal coisa acontecer, eu teria que ser filha do padeiro, do açougueiro, ou do seu zé da vendinha lá perto de casa, porque com pais baixinhos feito os meus, se eu crescesse o tanto que eu esperava, ia virar caso de dna pro programa do ratinho.
aí depois que eu cheguei a essa conclusão, acabei me conformando com os fatos e aceitei bem minha sina. e até hoje convivo bem com essa realidade, tanto é que nem sou feito aquelas meninas que usam sapatos com saltos que mais parecem pernas-de-pau, vinte e quatro horas por dia, só pra parecerem mais altas. ando muito bem com minhas havaianas, meus chinelinhos de couro, tênis e afins. mas sabe aqueles dias que as raízes do complexo resolvem brotar? é, essa semana tive um desses.
saí de casa pra ir à academia de ginástica, com o sono e a preguiça habituais. daí, já deduz-se o humor super radiante que tomava o meu ser. de repente me surge um peão/pedreiro/guardador-de-carros ou qualquer coisa do tipo e solta um 'êta, que baixinha bôa'. me chame de boa, de ruim, de mais ou menos, do que quiser, mas de baixinha? tirou todo o clima da cantada de baixo calão, sinceramente. aí eu continuo, fingindo que nem ouvi, e vou atravessando a rua. como eu sou super educada, atravessei na faixa de pedestres, já também pensando que me livraria de qualquer comentário vindo daquele simpático palhaço do detran que tava lá próximo, quando ele me vem com uma poesia digna de vinicius de moraes: 'tão pequeneninha, do tamanho de um botão. guardo o papai no bolso, e a mamãe no coração.'
aí imagina só, em menos de cinquanta metros de percurso, duas pessoas me chamando de pequena, é de se esperar que o complexo volte à tona, né. e ainda mais chegar na academia e a professora ter que regular a altura de todos os equipamentos para o mínimo, e o mínimo ainda ser máximo para o meu super porte físico.
gente, por que deus me enrolou e me fez passar direto da fila da altura, por que não me fez filha dos pais na daniela cicarelli? por quê, por queê??

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

heauheuehauhauheuaheuahauhaehu...
mto engraçado po!
eu tb tinha essa paranoia e te confesso que vez ou outra eu desejo uns centimetros a mais. E eu tambem fui iludido com essa historia do famoso "estirao" mas o danado nunca veio... Ai eu continuo aqui baixinho, vitima de piadinhas como essa do palhaço.
Mas ainda bem que eu nao sou mulher pq ai ngm vai me chamar de baixinha boa! haehaehaeha...
esquenta nao, nos menores frascos... ja sabe ne?
=*

6:56 PM  

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